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AS MELHORES FONTES DE HISTÓRIA LOCAL

  • Foto do escritor: Leonardo Soares dos Santos
    Leonardo Soares dos Santos
  • 13 de ago.
  • 3 min de leitura

Depois de apresentarmos os principais objetivos e princípios de um trabalho de história local nos dois últimos artigos dessa coluna, cabe neste aqui apresentarmos uma breve lista das principais fontes desse tipo de pesquisa. Podemos começar pelos textos sobre a localidade (seja ela um município, distrito, bairro) disponíveis na internet. Ou seja, vale sempre a pena começar pelo mais simples, e hoje ele consiste em lançar no google ao nome do território que você pretende estudar e ver o que há sobre ele. Vale muito a pena também buscar blogs e sites dedicados a história da sua localidade. Eles são uma boa porta de entrada de qualquer pesquisa. Ainda no campo específico da internet, aproveite ao máximo o verbete de Wikipédia sobre a mesma, caso ele exista. Ali você pode encontrar nomes importantes associados ao lugar.


Caso a pesquisa tenha maior profundidade, sempre bom vasculhar por artigos, dissertações, teses, relatórios, livros.


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Outra fonte imprescindível são os próprios moradores. Se a pesquisa é sobre um bairro ou pequena localidade, entrevistar as pessoas de maior vivência torna-se obrigatória. Os registros baseados em histórias de vida são uma fonte valiosa de informações e reflexões estabelecidas pelos depoentes. Só enriquecem o trabalho, oferecendo mais do que dados ou informações sobre datas e pessoas, já que apresentam novas perspectivas e questões que podem ser acolhidas pela pesquisa. A sensibilidade de quem pesquisa, nesse sentido, é fundamental! E junto as entrevistas, é sempre bom averiguar junto aos entrevistados sobre a existência de fotos antigas, cartas, documentos oficiais, que podem ser testemunhos históricos extremamente úteis sobre o local. É que conhecemos como acervos privados ou familiares.


Mas onde achar essas pessoas mais idosas? Procure a associação de bairro da sua localidade, visite as escolas. Converse com representantes da comunidade escolar, fale da sua pesquisa, mostre a eles sobre a importância de entrevistar as pessoas mais antigas do lugar. Outro local valioso são as igrejas, templos e terreiros. Procure estabelecer contatos com seus membros.


Numa fase mais avançada da pesquisa, valeria a pena recorrer a fontes localizadas em arquivos públicos. Uma delas seria o Almanak Laemmert, espécie de “lista de endereço” do século XIX, contem informações sobre estabelecimentos comerciais e grandes proprietários de inúmeras localidades. Muitas listas desse tipo eram feitas por paróquias e distritos, que era a divisão administrativa das cidades brasileiras antes da divisão por bairros. Outra fonte preciosa é a cartorial (declarações, inventários, testamentos, registros de propriedade, de venda, de compra), pela qual é possível levantar informações sobre a vida de muita gente, não apenas das classes proprietárias. Fontes policiais (inquéritos, autuações, prontuários) e judiciais (processos cíveis e criminais) também cumprem o mesmo papel. Muito mais importante do que o fato que levou à produção de tal documentação é perceber os elementos que acabam se revelando nesse registro e que tem a ver com dimensões essenciais da vida das pessoas (moradia, condições de trabalho, espaços de lazer e sociabilidade, relações familiares, amorosas, redes de sociabilidade). Os registros de batismo das igrejas também não podem ser ignorados.


E um último conselho: nunca esquecer que o objeto da história local é sempre um território, e este nunca é apenas um pedaço de terra. O que faz desse espaço um território é um conjunto rico e complexo de relações sociais. Portanto, o locus da história local é um território vivo, que tem uma história que precisa ser contada e reescrita, principalmente sob um ponto de vista popular.

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