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O SONHO DE UBIRATÃ

  • Foto do escritor: Pablo das Oliveiras
    Pablo das Oliveiras
  • 2 de set.
  • 2 min de leitura

Fábula: de lá pra cá... Daqui pra onde? Conto 4


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- Bira, que bom que você chegou cedo… como foi na entrevista pro novo trabalho?

- Joana pode tirar a marmita do armário, que amanhã eu começo a trabalhar…

- Deus ouviu minhas preces! Oxalá te abençoe nesse novo emprego…

- Vai se banhar, daqui a pouco, vou servir a janta…

- Léo... Pai disse que amanhã começa no trabalho novo…

- Coisa boa, hein pai?! Onde vai ser?

- Dessa vez, num clube de esportes… onde vão construir umas pontes, que ficam presas em árvores.

- Que radical! É Arvorismo eu chama …

- Pai, eu posso ir ver…

- Rsrs… A obra nem começou, Bebel… E eu também tô curioso pra conhecer isso de perto, porque só vi em filme…

- Tá tudo muito bom, mas quem vai lavar a louça da janta… Bebel vem ajudar a mamãe?

- Ah… mãe! Chama o Léo… Eu quero ficar com meu pai…

- Leo, sobrou pra você…

- Hi! Mãe, já entrou pedido do aplicativo pra fazer entrega… Fui!

- Pai, quer ver minha tarefa da escola…

- Filha, agora não dá… outra hora eu vejo…

- Tá boom… Mas pai, sabe aquele dia que eu vacinei… Eu queria saber uma coisa… a sua avó, ela é minha bisa, né?

- Você sabe que sim… Desembucha Bebel!

- Eu queria saber, se ela é indígena…

- Essa história de novo, Bebel… Você cismou com essa historia de Vó índia?

- Indígena pai… Ela era indígena mesmo? E o senhor...

- Filha, vem escovar os dentes... Seu pai precisa descansar, para amanhã começar no trabalho… Antes de deitar, arrume seu material da escola… e apaga a luz!

- Tá boom, mãe…

- Você viu? Sua filha está ficando impossível...

- Nossa filha Ubiratã. Ela está crescendo, e as crianças de hoje não são como as de antigamente…

- Criança de hoje… quer passar à frente de tudo, até dos pais…

- Bira, toma esse chá de boldo, pro fígado… Ela só quer conversar com você…

- Eu sei bem o que ela quer…

- E você, o que você quer?... Até quando vai carregar a sua história sem dividir com ninguém? Até comigo, você se fecha e não diz nada…

- Dizer o quê? Eu não tenho nada pra dizer…

- Tá bom! Então, vê se dorme, que amanhã é outro dia…


“… Olha o céu... nublou de repente!... a ventania levanta o chão e leva tudo pelos ares… a tempestade vai desabar enorme!... aqui dentro do ônibus, será que o motorista enxerga como seguir à estrada adiante?... mas, aquela enorme árvore na esquina… bem no meio da ventania, não move um galho… uma folha sequer… inabalável dentro da terrível tempestade, a árvore se mantém serena… - Hã… quem...”

- Bira, você tá bem? Acordou assustado, de repente… o que foi?

- Um sonho… Uma tempestade terrível… e bem no meio tinha uma árvore enorme...

- Ainda bem que foi só um sonho… agora, esquece e voltar a dormir…

- Esquecer como? Se eu me reconheci... aquela árvore tá plantada em mim…


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