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  • Foto do escritorAguinaldo Martins

EU ESTAVA LÁ

Atualizado: 15 de set. de 2021


Tenho procurado comentar os fatos longe do calor das emoções, mas 500.000 mortes por Covid-19 não dá. A cada segundo que passa não será mais um número fechado, redondo, chegou e acabou. E sim, mais um brasileiro morto e uma família enlutada. Mais letal que o vírus, se tornaram as atitudes do presidente, com seu gabinete paralelo e sua campanha para se reeleger amontoando cadáveres.


Foi com esta motivação que milhares de brasileiros foram às ruas no dia 19 de junho em vários estados e no Distrito Federal, para se manifestar e pedir o impedimento de Bolsonaro. Eu também fui, imbuído do sentimento de indignação e tristeza, sabendo que nesse dia poderíamos chegar a esta marca nefasta de meio milhão de mortes. E, infelizmente, não errei. Quinhentas mil mortes por Covid-19 que poderiam ser evitadas. Uma lástima. Uma tristeza profunda no peito.


Quando cheguei na avenida Presidente Vargas, me contagiei de esperança ao ver pessoas de todas as idades, acorrendo ao local de concentração, saindo dos ônibus, estações do metrô e da rede ferroviária, sozinhas ou em grupos, pois finalmente estamos perdendo o medo de ir para as ruas, de ocupar o espaço que é do povo. Pessoas esperando outras em locais previamente combinados, usando camisetas com dizeres diversos, que iam desde as tradicionais CCCP, torcidas antifascistas ou dos seus partidos políticos até as de diretórios acadêmicos e associações de classes.

Bandeiras, faixas, cartazes, pirulitos, panfletos e adesivos com os dizeres FORA BOLSONARO de uma ponta a outra da avenida. Cartazes com nomes de vítimas da violência nas favelas estavam espalhados aos pés do monumento a Zumbi, ornados com uma rosa branca.


Os alto-falantes dos carros de som com seus discursos e a percussão dos blocos, com megafones puxando palavras de ordem, me remeteram às lembranças do final dos anos 1970 e início dos 1980, nos quais estávamos nas ruas lutando por anistia, legalização dos partidos postos na clandestinidade e por Diretas Já. Mostrei até a um companheiro a marquise de um prédio onde estava e na qual subi por uma árvore, no dia deste histórico comício. Fui forjado nas ruas e vielas, seguindo os exemplos dos mártires tombados na luta por liberdade e democracia. Por que agora não posso dar minha vida em defesa da nossa Pátria? Seja pelo risco do vírus ou por um disparo dos semeadores da morte.


Minha presença na manifestação do dia 19 de junho teve dois objetivos: o primeiro, foi fazer número, me somando aos companheiros do meu partido (Cidadania 23) e, o segundo, foi o de repórter, registrando imagens e informações da passeata que ocorreu pacífica até seu encerramento, provando que nosso povo é ordeiro e quer paz.

Mente quem prega que queremos transformar o país numa ditadura de esquerda, que estamos destruindo a família tradicional, a moral e os bons costumes. Mente quem diz que o comunismo ameaça o patrimônio dos cidadãos. Em 16 anos de governo de esquerda aconteceu isto? Os comunistas tomaram nosso patrimônio? Quem pensa de forma conservadora foi perseguido, preso, torturado e morto? Não. Muito pelo contrário. A democracia conquistada permitiu que um político de extrema direita se candidatasse e até se elegesse para fazer exatamente o que dizia que a esquerda faria. Destruir a economia nacional, corroem o patrimônio do brasileiro, aumentando a pobreza, promovendo a desigualdade e disseminando da violência. Por isso, continuaremos nas ruas até a vitória.


No dia 24 de julho, próxima manifestação do Fora Bolsonaro, o Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá estará presente com suas faixas estendidas se somando aos movimentos populares na luta pela democracia, por mais vacinas, R$ 600,00 de auxílio emergencial e o impeachment.

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