MAS, AFINAL, O QUE SIGNIFICA SER LETRADO RACIALMENTE?

Magda Soares (1988) distingue a alfabetização de letramento. Para a autora, alfabetizado é aquele que identifica os códigos, isto é, aquele que lê e escreve, porém o indivíduo letrado vive no estado de fazer uso frequente da leitura e da escrita. Desse modo, ser letrado vai além de ser alfabetizado.

Essa compreensão aponta para o entendimento do letramento racial, isto é, um conjunto de ferramentas e ações de enfrentamento e desconstrução de discursos e práticas racistas. Assim, não basta a identificação e compreensão de questões raciais, é necessário o comprometimento e execução de ações planejadas e intencionais de combate ao racismo e suas consequências.

O conhecimento dos dispositivos legais é fundamental para que possamos conhecer nossos direitos e deveres. A Constituição Brasileira no inciso IV do Artigo. 3º, estabelece como objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade ou quaisquer outras formas de discriminação.

Sabemos que a análise documental é importante, mas ações promotoras de igualdade racial não dependem apenas de debates e reflexões sobre teorias e legislação. Elas exigem que todos estejamos comprometidos e empenhados em práticas que garantam os direitos constitucionais de todos.

Como professora, durante mais de 30 anos atuei em escolas públicas de Jacarepaguá. Compreendendo a importância da trajetória escolar na formação da identidade negra, procurei desenvolver atividades comprometidas com um sentido de pertencimento positivo de todas as crianças e jovens com os quais eu trabalhava.

O posicionamento em uma movimentação coletiva garante o direito de todos. Afinal, como nos ensinou Angela Davis: Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista.