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LIVRO SOBRE A LUTA DA VILA AUTÓDROMO CONTRA A REMOÇÃO É LANÇADO NO RIO DE JANEIRO

Atualizado: 10 de set. de 2021

Publicação faz parte da Coleção do Laboratório de Pesquisa Estado, Trabalho, Território e Natureza (ETTERN), do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da UFRJ, sobre grandes eventos e conflitos urbanos


Debate de lançamento acontecerá na 5ª feira, 23 de maio, às 18h,

no Palácio do Catete, com professores e moradores


Em meio às investidas da Prefeitura, que chegou a remover 20 mil famílias no Rio de Janeiro durante a preparação para os Jogos Olímpicos de 2016, professores e estudantes da UFRJ e da UFF juntaram-se aos moradores da Vila Autódromo. O objetivo foi elaborar um Plano Popular que comprovasse a possibilidade de permanência da comunidade frente à ameaça de expulsão pela construção do Parque Olímpico. O Plano, de 2012, serviu como instrumento de luta das famílias, mostrando que havia alternativas urbanísticas melhores que a remoção forçada. Agora o livro Viva a Vila Autódromo: O Plano Popular e a luta contra a remoção conta a histórica resistência da comunidade.


“É muito importante que a universidade pública cumpra seu papel ao se aliar a uma comunidade popular em sua luta por direitos, agindo no ato do conflito, com o plano popular, e documentando este processo. A Vila Autódromo deu um exemplo ao mundo de que os pobres não estão dispostos a ser expulsos de suas casas ao sabor dos mercados”, disse Carlos Vainer, professor titular do IPPUR e coordenador do ETTERN. “O livro é um importante registro dessa luta, que se tornou um símbolo da resistência contra as remoções no Rio de Janeiro olímpico”, completou.

Localizada no centro da maior operação especulativa dos Jogos, na esquina das avenidas Salvador Allende e Abelardo Bueno, à beira da lagoa de Jacarepaguá na Barra da Tijuca, a antiga comunidade de pescadores se viu asfixiada por hotéis, viadutos e edifícios espelhados que surgiram ao seu redor. Após muita pressão da Prefeitura, com justificativas que mudavam a todo momento e não se sustentavam tecnicamente, a Vila Autódromo acabou sofrendo uma remoção parcial e hoje 20 famílias vivem no local. Três anos se passaram e as obras de urbanização, prometidas pelo então prefeito Eduardo Paes, nunca chegaram.


“A nossa luta ainda não terminou. Queremos que o projeto de urbanização seja realizado, sem isso os problemas se acumulam. Após três anos sequer temos a documentação das nossas casas, como podemos nos sentir seguros assim?”, questionou Maria da Penha, moradora da Vila Autódromo e que estará na mesa de debates do lançamento do livro. “Para nós é muito importante todo o apoio que recebemos. A Vila tem filmes e agora mais um livro. Foram também estas alianças que nos permitiram estar aqui”, disse ela, uma das mais atuantes no embate com a Prefeitura.

Além de Maria da Penha, o debate público de lançamento do livro contará com outra liderança da comunidade, Inalva Mendes Brito, uma das principais responsáveis pela articulação entre a Vila Autódromo e a Universidade. Completa a mesa a professora Regina Bienenstein, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal Fluminense, e Fabrício Leal de Oliveira, professor do Instituto de Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro. A abertura do evento será feita pelo professor Carlos Vainer.


“No início poucos acreditavam, mas sempre afirmamos que a Vila Autódromo era um bairro marcado para viver. Hoje a comunidade segue viva e atuante, o que demonstra a força da organização popular. Na época escrevemos um manifesto que terminava com o que hoje são as palavras que dão título ao livro, por isso reafirmamos: Viva a Vila Autódromo! Vivam todas as comunidades populares da Cidade do Rio de Janeiro!”, finalizou Vainer.
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