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DESVENDANDO O AUTISMO

  • Foto do escritor: Bianca Lopes de Freitas
    Bianca Lopes de Freitas
  • há 6 dias
  • 4 min de leitura

Diagnóstico Precoce é Fundamental

Da esquerda para direita: Cordão com girassóis identifica pessoas com deficiências não aparentes; Símbolo do infinito representa a neurodiversidade, identificando portadores de TEA, TDAH e outros; e Cordão com quebra-cabeças simboliza a diversidade e as dificuldades de compreensão enfrentadas por portadores de TEA.
Da esquerda para direita: Cordão com girassóis identifica pessoas com deficiências não aparentes; Símbolo do infinito representa a neurodiversidade, identificando portadores de TEA, TDAH e outros; e Cordão com quebra-cabeças simboliza a diversidade e as dificuldades de compreensão enfrentadas por portadores de TEA.

O autismo, denominado Transtorno do Espectro Autista (TEA), não tem uma causa específica, ocorre devido a uma combinação de fatores genéticos e ambientais, como informa o psiquiatra Pedro Teixeira, para quem o diagnóstico precoce é um dos grandes objetivos hoje.


O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais relaciona três níveis de autismo de acordo com os quais se avalia o grau de necessidade de apoio da pessoa, considerando suas dificuldades comportamentais e de comunicação social.


O tratamento é realizado por uma equipe multidisciplinar que envolve psicoterapia, terapia ocupacional, fonoaudiologia, entre outras especialidades. Algumas medicações podem ajudar a controlar eventuais sintomas, tais como agitação e irritabilidade.


O Autismo Não é uma Doença

O psiquiatra Pedro Teixeira esclarece que o autismo não é uma doença, portanto, o tratamento não objetiva a cura. Trata-se de um transtorno do desenvolvimento, uma condição que se manifesta nos primeiros anos de vida, período em que deve ser iniciado o tratamento.


Ocorre que muitas pessoas não são avaliadas ou diagnosticadas na infância, geralmente por falta de informação, e acabam se tratando somente quando adultas.


A Contribuição da Psicologia

A psicóloga Michelle Oliveira explica que o Transtorno do Espectro Autista exige a criação de planos individualizados para trabalhar as necessidades específicas de cada paciente. Aqueles com grau mais severo (nível três), por exemplo, podem ter também uma deficiência intelectual.


O mais importante é descobrir o que esse paciente pode fazer, quais suas maiores dificuldades, pontua Michele, observando que a maior colaboração da psicologia é o apoio a sua socialização.


A psicóloga Juliana Gonçalves destaca a importância das entrevistas com o paciente e seus familiares para identificar os aspectos do transtorno que afetam sua qualidade de vida. Indivíduos que sofrem com as relações sociais precisam de uma intervenção voltada para as habilidades sociais. Outros com baixa tolerância a frustrações precisam de terapia cognitiva, comportamental e da técnica conhecida como mindfulness voltada para manter o foco no momento presente.


O Papel da Fonoaudiologia

Para a fonoaudióloga e musicoterapeuta Luciana Freitas a comunicação social é fundamental para trabalhar a articulação da fala, usando sistemas com figuras, aplicativos

e dispositivos eletrônicos. O objetivo é desenvolver uma linguagem funcional de modo que o autista possa se expressar, interagir, enfim, integrar-se à vida social.


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Famílias precisam conhecer os Direitos dos Autistas

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2,4 milhões de brasileiros são portadores do Transtorno do Espectro Autista e o conhecimento é fundamental para derrubar o estigma e promover a inclusão das pessoas nessa condição.


A assistente social Conceição Rangel destaca a importância de conscientizar os portadores de autismo sobre seus direitos, tais como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) previsto na Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS), pois muitos enfrentam importantes dificuldades financeiras.


Para solicitar o benefício é necessário estar vinculado ao Cadastro Único e passar por avaliação do INSS. Além disso, a Lei Romeo Mion, de 2020, garante direito a diagnóstico e tratamento pelo SUS, acesso à educação e à emissão de carteira de identificação.


É preciso sensibilizar a Sociedade

Para Fabiane Ribeiro, mãe de uma criança autista, além da questão financeira, o maior desafio é sensibilizar a sociedade para que haja um olhar mais acolhedor para as pessoas portadoras de autismo de modo a gerar, além de inclusão, um atendimento mais assertivo no Sistema Público de Saúde.


O filho de Fabiane passou por quatro neurologistas até ter o diagnóstico aos dois anos de idade. A criança, hoje com quatro anos, é autista nível 1 e, segundo Fabiane, é um excelente aluno.


Fabiane afirma, entretanto, que as clínicas por onde passou com o filho falham no tratamento, pois a criança é vista como um número, com pouca empatia. Ela avalia que é necessário melhorar as terapias, aumentar a carga horária e o número de profissionais para esse atendimento.


Para Mariana Lessa, também mãe de uma criança autista, os desafios da família atípica englobam o atendimento à saúde, o acesso a terapias complementares, a inclusão escolar e o preconceito (capacitismo).


Mariana afirma que, seja pelo SUS ou pelos planos de saúde privados, há muitas dificuldades em se iniciar e manter os acompanhamentos integrados necessários para a estimulação de pessoas do espectro autista.


A rede pública de ensino, segundo Mariana, é a que melhor acolhe crianças e jovens autistas, embora haja poucos profissionais habilitados para lidar com a questão. Falta suporte físico, emocional e material nas escolas, bem como capacitação de professores e profissionais para Atendimento Educacional Amplo.


Autistas têm potencialidades, mas, não raro, são vistos como incapazes ou como gênios. Não há pessoas iguais, cada pessoa com TEA é diferente e deve ser respeitada como ser humano singular. As famílias atípicas sofrem até alcançar o diagnóstico e precisam empreender uma luta diária para assegurar o atendimento terapêutico necessário.


A sociedade brasileira precisa avançar no respeito, no acolhimento e na inclusão das famílias atípicas e das pessoa com TEA.


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