Prefeitura lança programa para reurbanização de Rio das Pedras
Com população estimada em 80 mil pessoas e ocupando superfície de 854 mil metros quadrados, Rio das Pedras é a segunda maior comunidade do Rio de Janeiro e a terceira maior do Brasil, só ficando atrás da Rocinha (RJ) e Sol Nascente (DF). O local também concentra o maior crescimento populacional entre as famílias cariocas. O projeto prevê a construção de cerca de 35 mil unidades habitacionais com tamanho médio de 45 m².
Projeto para o Rio das Pedras com a iniciativa privada prevê construção de prédios comerciais e residenciais, sistema de mobilidade e plano de geração de emprego e renda
Em solenidade no Palácio da Cidade, no dia 15 de maio, o prefeito Marcelo Crivella lançou o programa para reurbanização de Rio das Pedras, com um chamamento público para selecionar empresas interessadas em desenvolver um modelo de Operação Urbana Consorciada em Rio das Pedras e nos bairros do Itanhangá e Jacarepaguá. O modelo é semelhante ao já adotado na Região Portuária do Rio de Janeiro. A ideia do Procedimento de Manifestação de Interesse (PMI) da Subsecretaria de Projetos Estratégicos é utilizar Certificados de Potencial Adicional de Construção (Cepacs) para implantar na comunidade um projeto para transformar Rio das Pedras em um novo bairro. A proposta prevê a construção de empreendimentos comerciais e residenciais na área que permitam que os moradores possam adquirir imóveis por meio de financiamentos especiais e acessíveis.
“Estamos dando um passo importante a favor da vida de mais de 80 mil pessoas. Trata-se de uma experiência que poderá servir de parâmetro para outras intervenções no Brasil. Queremos nos redimir de um passado que fez dessa cidade uma das mais desiguais. A prefeitura vai entrar com a venda dos Cepacs. Com os recursos que serão investidos no local, vamos criar a infraestrutura para a pavimentação, parques, praças, áreas de lazer, galerias de águas pluviais e saneamento. Uma vez feito isso, as moradias serão construídas por diversas empresas. Tenho certeza de que os investidores vão abraçar esse projeto”, disse o prefeito, acrescentando que algumas já mostraram interesse.
A cerimônia contou com a participação dos secretários municipais de Urbanismo, Infraestrutura e Habitação, Índio da Costa, da Fazenda, Maria Eduarda Gouvêa Berto, do subsecretário de Projetos Estratégicos, Luciano Cordeiro, do vice-presidente de Governo da Caixa Econômica, Roberto Derziê, além do superintendente regional de Jacarepaguá, Flávio Caland. Estavam presentes também presidentes das Associações de Moradores de Rio das Pedras e Recanto da Pedra e lideranças comunitárias, além de empresários do setor de construção e da Acibarra e comerciantes e moradores de Rio das Pedras.
A questão do saneamento também será resolvida, uma vez que faltam serviços de esgoto e não há espaço e condições de desobstruir bueiros, entre outras questões.
É o progresso chegando a Rio das Pedras e melhorando a vida das pessoas. Vamos deixar de ter uma “Veneza do coco”, que é como os moradores chamam uma das vias, para termos um bairro de verdade, com ruas, calçadas, ciclovia, e um entorno organizado, como acontece do outro lado da lagoa.
Prefeitura também tem projeto para criar um novo sistema de transporte, com o uso de balsas, para o transporte hidroviário, ligando Rio das Pedras à Barra e à estação do metrô.
Assim que o projeto estiver desenhado, serão realizadas reuniões com os moradores para explicar melhor as transformações que serão realizadas no bairro e as fases como serão realizadas.
“O projeto é muito bonito, prevê a requalificação de uma área na qual seus moradores carecem de muitos serviços. É um desafio que vai exigir um grande esforço de todos os envolvidos”, disse o subsecretário de Projetos Estratégicos, Luciano Cordeiro.
O chamamento público define como objeto do estudo a área delimitada pelas Lagoas da Tijuca e do Camorim, Avenida Ayrton Senna, Avenida Isabel Domingues, Estrada Curipós, Estrada de Jacarepaguá, Rua Aroeira até o encontro com a Rua Mario Tebyrica, daí em linha reta até o encontro da Rua Luís Carlos de Castro com a Rua Colins, por esta até a Rua Armstrong, Estrada de Jacarepaguá, Avenida Engenheiro Souza Filho até o encontro com a Rua Francisco Mangabeira e daí perpendicular à avenida até a margem da Lagoa da Tijuca. Importante ressaltar que a delimitação não restringirá a inclusão de novas áreas.
“Trata-se de um ato de muita coragem e ousadia fazer uma intervenção dessa magnitude, transformando a vida daquelas pessoas. Teremos muito trabalho pela frente, não só da prefeitura como dos investidores que quiserem abraçar esse projeto”, falou o vice-presidente de Governo da Caixa Econômica, Roberto Derziê.
As intervenções em infraestrutura (saneamento básico, drenagem, redes de abastecimento de energia elétrica e telecomunicações subterrâneas, gás), vias e passeios pavimentados, projeto de segurança para pedestres, controle de velocidade dos veículos e câmeras de segurança também fazem parte da proposta. A comunidade ganhará novos espaços públicos e de lazer, com ampliação das áreas destinadas a pedestres e a criação de circuito cicloviário.
O investimento previsto pela prefeitura nos estudos que antecederam a PMI é avaliado em R$ 5,4 bilhões que serão aplicados em infraestrutura urbana (R$ 2 bilhões) e na construção de residências (R$ 3,4 bilhões). Com 854 mil metros quadrados, Rio das Pedras é a segunda maior comunidade do Rio de Janeiro e terceira maior do Brasil, atrás apenas da Rocinha (RJ) e Sol Nascente (DF). Pesquisa realizada em Rio das Pedras apontou que as famílias estão na faixa de renda entre três e cinco salários mínimos, 80% têm entre 15 e 50 anos, 54% dos imóveis são ocupados por uma a três pessoas e 61% moram pagando aluguel. Outros 76% desejam regularizar a moradia e pagar os custos por isso. O percentual de pessoas que desejam que a comunidade se torne um bairro com estrutura de saneamento, pavimentação, iluminação, entre outros, atinge 86%. Aproximadamente 55% sentem falta de comércio organizado, infraestrutura e entretenimento.
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