- Jornal Abaixo Assinado
Por que não queremos ver?
Povo na rua: pobreza, desemprego, falta de apoio familiar e especulação imobiliária
*Luna Pedrosa –
O que nos falta para olharmos as pessoas em situação de rua com compaixão? Estamos perdendo nossa humanidade! Diariamente vejo as calçadas das ruas cada vez mais lotadas e servindo de colchão e residência para diversas pessoas em situação de rua. Não sei qual o sentimento de vocês, mas o meu é de profunda tristeza por ver que meus irmãos não conseguem ter acesso ao mínimo do mínimo existencial. Será que os governantes que elegemos não veem isso? Será que é tão absurdamente difícil disponibilizar nas ruas banheiros químicos para que essas pessoas possam usar um banheiro com dignidade? Será que é tão difícil disponibilizar cabines com chuveiro para que essas pessoas tenham a possibilidade de tomar um banho diário? Essas pessoas não conseguem comer pois os passados e atuais governantes eleitos tanto fizeram para expressar seu ódio aos pobres que fecharam todos os restaurantes populares. Nós que temos um teto sobre nossas cabeças inflamos nosso ego para receber e hospedar gringos em nossas casas, mas somos incapazes de abrigar em noites chuvosas e frias pessoas em situação de rua. Vocês olham pra essas pessoas ou simplesmente passam fingindo que elas não são nada? Nas minhas andanças, eu vejo famílias inteiras (idosos com seus filhos, netos e animais) em situação de rua. Eu compreendo perfeitamente essas pessoas quando elas dizem que ou pagam o aluguel de uma quitinete (aqui se incluem água e luz que também são absurdamente caros) ou elas vivem na rua com o pouco dinheiro que ganham dos seus trabalhos mantendo uma alimentação bem miserável. Caminhamos para uma situação em que não será mais admitido que pobres vivam em grandes centros, com o real cada dia mais desvalorizado, as empresas que ainda contratam (em regime de escravidão) pagando o que querem e quando querem, os donos de imóveis que também só querem lucrar cobrando aluguéis absurdos por espaços cada vez menores tornando inviável o acesso a moradia para infinitas pessoas que só lhes restam ter as ruas como abrigo.
*Fisioterapeuta e do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos Humanos
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