- Jornal Abaixo Assinado
OS 75 ANOS DA MORTE DE DIETRICH BONHOEFFER: O PASTOR QUE COMBATEU O REGIME DE ADOLF HITLER COM A SUA
No dia 31 de outubro de 1517, o monge agostiniano Martinho Lutero afixou na porta da Igreja de Wittemberg, na atual Alemanha, as suas famosas 95 teses que criticavam, principalmente, a venda das indulgências pelo clero católico. A indulgência é a remissão dos pecados e castigos cometidos por um indivíduo, cuja culpa já tenha sido perdoada pela Igreja, através da misericórdia. Essa atitude de Lutero culminou com uma ruptura total com a Igreja Católica Apostólica Romana, oficializada através do Édito de Worms. Este fato gerou a formação de uma outra igreja cristã na Europa Ocidental: a Igreja Luterana. Segundo o censo de 2011, cerca de 30,8% da população alemã possuía essa confissão de fé naquele ano.
Em 1939, ano do início da Segunda Guerra Mundial, essa proporção era bem maior, cerca de 54%. Apesar da controversa atuação da Igreja Evangélica Alemã durante o regime nazista, é importante salientar que o protestantismo inclui várias vertentes que possuem poucas relações institucionais umas com as outras, fato que impede qualquer generalização sobre essa situação. Muitas lideranças dessas diversas denominações combateram fortemente o governo de Adolf Hitler. Esse pequeno texto abordará uma delas: Dietrich Bonhoeffer.
Bonhoeffer nasceu na cidade Breslávia, atualmente localizada na Polônia, no ano de 1906. Formou-se em Teologia no ano de 1927 e iniciou a sua carreira eclesiástica como assistente pastoral em uma Igreja Luterana na cidade de Barcelona, em 1928. Em 1930, foi estudar em Nova York, no Union Theological Seminary. No ano de 1931, começou a lecionar na Faculdade de Teologia de Berlim e foi ordenado oficialmente pastor.

Dietrich Bonhoeffer em Gland perto do Lago de Genebra, Suíça, 1932 (Biblioteca Estadual de Berlim)
Em 1933, toda denominação protestante da Alemanha foi obrigada a ingressar na chamada Igreja Nacional do Reich, de ideologia Nazista. Em setembro desse mesmo ano, um grupo de religiosos contrários ao controle da Igreja Alemã pelo Estado fundou a Igreja Confessional (Bekennende Kirche), que fazia oposição ao regime nazista. Em 1934, alguns pastores luteranos da Igreja Evangélica Alemã, dentre eles Bonhoeffer, divulgaram a chamada “Declaração de Bremen”, um documento que rejeitava a ideologia nazista e afirmava que “Jesus Cristo, e não homem algum ou o Estado, é o nosso único Salvador”.
A Igreja Confessional foi colocada na ilegalidade e, em 1943, Dietrich Bonhoeffer foi preso sob acusação de ajudar um grupo de judeus em uma fuga para a Suíça e também de participar de um plano para matar Hitler. Durante dois anos esteve em várias prisões nazistas, até ser enforcado, juntamente com o seu irmão Klaus, no campo de concentração de Flossenbürg, aos 39 anos de idade.
Bonhoeffer deixou um importante legado para a literatura cristã com as cartas que escreveu durante o tempo em que esteve preso. São de sua autoria os livros: “Ética”, “Discipulado”, “Resistência e Submissão: Cartas e Anotações Escritas na Prisão”, “Tentação”, “Vida em comunhão” e “Orando com Salmos”. Todos eles já foram traduzidos para a Língua Portuguesa.
Escrito por Val Costa