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  • Foto do escritorVal Costa

O DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA E A RESISTÊNCIA QUILOMBOLA

A expressão “Ki-lombo”, que no tronco linguístico banto significa “acampamento”, era usada para designar associações de homens, abertas a todos os grupos étnicos, sem distinção de filiação. No século XVI, a capital do reino africano de Matamba, a cidade de Santa Maria de Matamba, era conhecida como “Quilombo”. Essa denominação também foi usada para representar um ritual de iniciação dos jagas, uma sociedade militar que habitava o nordeste de Angola.


Na América Portuguesa, os quilombos ou mocambos (como foram conhecidos inicialmente) constituíam núcleos comerciais e habitacionais formando verdadeiras sociedades plurirraciais.

A imagem de isolamento que marcou essas comunidades vem sendo revista atualmente por muitos pesquisadores. Já se sabe que o excedente dos produtos fabricados nelas – como farinha de mandioca, mel e carne – era comercializado em mercados locais. Percebe-se assim, que não eram comunidades isoladas em termos econômicos e sociais, como durante muito tempo foi divulgado pela historiografia clássica.

No Brasil, os habitantes das comunidades de escravos fugitivos eram chamados de quilombolas. O principal foco de resistência à escravidão do nosso país ocorreu no atual estado de Alagoas. A Serra da Barriga, na então Capitania de Pernambuco, serviu de abrigo para vários quilombos que receberam o nome de Palmares. Escondidos por uma floresta fechada, esse agrupamento reunia negros e negras em fuga, mas também indígenas, cafuzos, mazombos e brancos que desejavam uma vida longe do sistema escravista colonial. Em meados do século XVII, Palmares chegou a reunir 20 mil pessoas.

Esse agrupamento passou a ser uma preocupação constante para a Coroa Portuguesa, que tentou até negociar com os quilombolas, oferecendo-lhes a liberdade se eles depusessem as armas. Um líder militar chamado Francisco e apelidado de Zumbi, o senhor da guerra, não aceitou esse acordo e se transformou no principal nome da resistência. Quinze anos após Zumbi ter assumido a liderança, o paulista Domingos Jorge Velho foi chamado para organizar a invasão da região. Em 6 de fevereiro de 1694, depois de várias tentativas, o principal quilombo de Palmares, Macaco, foi destruído e Zumbi foi ferido. Apesar de ter sobrevivido, o líder da Confederação dos Quilombos de Palmares foi traído, capturado e morto no dia 20 de novembro de 1695. Os portugueses transportaram a cabeça de Zumbi para Recife, onde ela foi exposta em praça pública. A Lei Federal nº 12.519, de 10 de novembro de 2011, instiuiu o dia 20 de novembro como o Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.


O Artigo 68 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) confere proteção às comunidades remanescentes de quilombos, reconhecendo aos seus moradores a propriedade definitiva da terra, devendo o Estado emitir-lhes os títulos respectivos. No município do Rio de Janeiro existem quatro Comunidades Remanescentes de Quilombos (CRQs) certificadas pela Fundação Cultural Palmares: Cafundá Astrogilda, Camorim - Maciço da Pedra Branca, Pedra do Sal e Sacopã.



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