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Nova modalidade de golpe faz vítimas em feira realizada no Rio Centro

Todo cuidado é pouco!

Reclamações


*Roberta Azevedo –

Diariamente somos surpreendidos com a habilidade e criatividade dos bandidos na aplicação de novos tipos de golpes, aparentemente inofensivos, que podem trazer grandes transtornos às vítimas.

Em abril deste ano, vários visitantes da Feira de Bebê e Gestante – realizada no Rio Centro –foram abordados por um grupo de supostas vendedoras no estande da empresa Ativi Brink. Elas ofereciam kits 100 a 120 de coletâneas sortidas voltadas a crianças e adultos. De acordo com as mesmas, os kits eram “gratuitos” e o interessado deveria ter um cartão de crédito das bandeiras Visa ou Mastercard e pagar apenas um frete de R$ 3,99 por exemplar.

Como cada kit era composto por cerca de 100 exemplares, o custo total da entrega seria de 12 parcelas de R$ 39,90, totalizando o valor de R$ 478,80. Para convencer os visitantes da feira com mais facilidade, a empresa oferecia bonecos de personagens famosos de histórias em quadrinhos infantis e dava às vítimas a oportunidade de levar um deles como “brinde”.

Quando percebiam que as possíveis vítimas já estavam convencidas, as vendedoras começavam a preencher um “contrato”, aparentemente verdadeiro, que possuía telefones de uma suposta central de atendimento, um site, um e-mail para contato, além de campos para preenchimento do nome, telefone e endereço do cliente. A área destinada à data prevista para a entrega dos exemplares adquiridos não era preenchida pelas vendedoras, o que infelizmente passava despercebido pelas pessoas abordadas.

No mesmo contrato constava a seguinte observação: “Não fazemos assinatura mensal. A entrega da coletânea é única e o prazo para recebimento da coletânea, com 100 ou 120, é de 4 a 8 semanas.”, ou seja, aproximadamente dois meses. Com isso, até a vítima perceber que não receberia a encomenda, já teria pago pelo menos duas parcelas da compra.

Contatos divulgados pela empresa fantasma não funcionam

Ao tentar entrar em contato com os números disponíveis para falar com a suposta “central de atendimento”, a pessoa perceberia que em nenhum deles – um celular e outro fixo – seria atendido por um representante da empresa. O mesmo ocorreria com o site www.ativibrink.lojavirtualnuvem.com.br e o e-mail ativibrink@gmail.com.

No site Reclame Aqui é possível encontrar 25 reclamações cadastradas sobre a mesma empresa, a primeira delas foi registrada em julho de 2017 e a última este mês. Há queixas cadastradas a cerca de 10 meses, todas sem respostas. Nelas, é possível perceber que todos os consumidores relatam terem sido abordados da mesma forma, alguns deles na Feira de Gestante e Bebê do Rio Centro (Rio de Janeiro) e outros em Juiz de Fora (Minas Gerais):

“Fui induzida a adquirir uma assinatura na Mega feira de Bebê e Gestante. Fui abordada por uma vendedora que me disse fazer parte de uma campanha em que doava os brinquedos da Turma da Mônica apenas para quem apresentasse o cartão na hora. Perguntei quatro vezes se era necessário fazer mais alguma coisa ou pagar, a vendedora disse que era apenas uma campanha e que só seria necessário apresentar o cartão. Depois, disse que não trabalhava com vendas, mas sim com uma campanha que doava as revistas e o brinquedo. No final da enrolação, me fez assinar um papel de contrato (o qual sequer me deu para ler) e disse que retiraria um comprovante do meu cartão, para comprovar que participamos da campanha. Em nenhum momento ela falou em pagamento (apenas um valor simbólico de R$ 3,99 para entrega dos produtos). Agora, na fatura do cartão, consta um valor de mais de 400 reais, o qual não deveria ter sido cobrado, já que a própria vendedora disse que tudo seria ‘gratuito’ e que ‘não havia vendas’”, relata uma consumidora do Rio de Janeiro – que registrou reclamação no site há três meses.

Alguns desses consumidores percebiam que haviam caído num golpe logo após passar o cartão na máquina da empresa, questionavam as vendedoras e solicitavam o cancelamento imediato da compra. Contudo, as mesmas insistiam que eles estavam enganados:

“Na hora recebi o SMS do cartão falando que o valor tinha saído todo do cartão. Questionei a ela que me disse que o valor sairia parcelado e eu expliquei que não tinha sido isso que me foi informado. Pedi uma nota fiscal da qual ela me informou que o contrato que me foi entregue (onde não existe nenhum número de CNPJ) era a minha nota fiscal, eu então disse que queria cancelar a compra e me foi informado que só o supervisor poderia fazer isso. Fiquei fazendo hora na feira, esperando o tal supervisor Diogo chegar e quando voltei fui tratada com uma antipatia absurda. O supervisor foi ignorante, irônico e me tratou como uma pessoa burra. Falei o tempo inteiro que queria cancelar a compra e sempre uma desculpa ou então falavam que não dava. Me falaram para segunda ligar para o escritório do qual o número não atende e o WhatsApp a mensagem nem vai. Um absurdo! Eles te induzem ao erro, te vendem uma coisa que não existe e você não consegue cancelar depois.”, conta outra consumidora lesada.

Operadora da máquina utilizada pelos criminosos está investigando o caso 

Ao entrar em contato com a SAMUP – administradora da máquina de cartões utilizada pela Ativi Brink – a atendente informou que outros consumidores já haviam solicitado o cancelamento e estorno dos pagamentos efetuados à suposta empresa. Segundo ela, operadora já está investigando o responsável pela máquina, mas ainda não conseguiu identificá-lo, pois o CPF cadastrado não é verdadeiro.

*Colunista do JAAJ, moradora da Taquara e Jornalista.

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