Jornada Contra as Remoções
Marcus Aguiar*
Assim como em outros momentos da história da cidade — desde os governos de Pereira Passos a Eduardo Paes —, o Rio de Janeiro presencia, mais uma vez, a problemática das remoções. Desta vez, o atual prefeito, Marcelo Crivella, tem demonstrado desinteresse pelo diálogo com as comunidades mais pobres e mais vulneráveis às ambições do mercado imobiliário.
Os moradores de Rio das Pedras, por exemplo, têm externado seus receios ante ao Plano de Requalificação apresentado em maio deste ano que, segundo o Conselho Popular – RJ, põe em risco a moradia de milhares pessoas. O Plano de Requalificação do Rio das Pedras é um projeto de Parceria Público-Privada (PPP) que visa verticalizar a comunidade, aprimorando a infraestrutura local e abrindo espaço para novos empreendimentos comerciais. No entanto, segundo os moradores, as decisões estão sendo tomadas unilateralmente, ou seja, não há diálogo com os moradores. Além de Rio das Pedras, as comunidades da Barrinha, Araçatiba, Rádio Sonda, Maracajás, entre outras, também vivem o temor de ter suas casas demolidas, seu cotidiano e sua territorialidade abalada.
Diante dessa situação, o Conselho Popular organizou a Jornada Contra as Remoções, e marcou, para os dias 1, 8 e 15 de dezembro, atos de protesto, com a participação das comunidades e de órgãos como a Pastoral de Favelas.
O Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá esteve presente no ato do dia 1o de dezembro, em que moradores das comunidades da Barrinha, Araçatiba, Rio das Pedras, Rádio Sonda, Vila Autódromo se concentraram ao lado do Via Parque, e de lá caminharam em direção ao condomínio Península, onde mora o Prefeito Crivella.
“Nós não queremos que um pau mandado da Prefeitura venha falar com a gente!” – disse uma moradora da comunidade da Barrinha, se referindo ao secretário de Ordem Pública, Paulo Amêndola, que estava presente, embora tenha permanecido dentro de uma Picape da CET-Rio, fechada, com o ar condicionado ligado, enquanto os moradores afetados se manifestavam durante a concentração. – “Nós só queremos uma reunião com Crivella ou com o Índio da Costa. Já tínhamos conversado com o Amêndola, e ele nos prometeu a reunião com o prefeito, mas o compromisso não foi cumprido, e agora estamos indo até a casa do Crivella pra resolver lá” – disse a moradora.
Quando os manifestantes chegaram à portaria do condomínio Península, se depararam com a barreira feita pela Guarda Municipal e pela PM, impedindo, portanto, a entrada. Com isso, o ato — pacífico —, que contou com música, dança, poesia e reprodução de filmes, teve que acontecer na portaria.
O Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá ofereceu apoio e solidariedade às comunidades com risco de remoções no Rio de Janeiro!
*Morador da Taquara e estudante de Geografia da Rural
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