- Jornal Abaixo Assinado
CARIOCAS SÃO PREVISÍVEIS
Atualizado: 22 de ago. de 2021
No domingo, dia 15 de novembro de 2020, os votos apurados confirmaram o que já se esperava há alguns meses: o embate entre o ex-prefeito Eduardo Paes e o atual prefeito Marcelo Crivella a ser realizado no 2º Turno, dia 29.
De um lado, o típico representante da elite carioca: branco, heterossexual e advogado. Aprendeu com os seus antecessores que a população gosta de obras urbanísticas e modela a cidade conforme o seu gosto e de seus semelhantes. Para esse segmento social, o pobre é aquele que se apresenta uniformizado para servi-los ou são aqueles que organizam o Carnaval, evento perfeito para se usar um charmoso chapéu panamá. Na sua perspectiva, o Rio de Janeiro será como um condomínio planejado da Barra da Tijuca. Qualquer coisa fora disso será severamente punida.
Do outro, o representante dos neo-reacionários. O bispo licenciado da Igreja Universal chegou à prefeitura como promessa de executar o primeiro governo pentecostal. Foi um desastre. A justificativa dessa má gestão vem do âmago do fundamentalismo religioso: a necessidade da anulação do debate racional baseado em fatos. E como definir políticas públicas ou administrar com austeridade quando há a suspensão completa da realidade? Quando “guardiões” são convocados para escondê-la? Sem conhecimento, não há projeto, não há cidade. Apenas a vontade do indivíduo norteando ações pontuais, trazendo a doutrina neoliberal para perspectiva comportamental.
Tudo isso era previsível. O carioca é um eleitor conservador: gosta dos seus privilégios, idealiza uma malandragem como identidade e é voluntarioso. Insolucionável? Não. Por alguns meses, se gestou a utopia da união entre os partidos de esquerda. Os intelectuais da Zona Sul e os sindicalistas da Zona Norte conversavam, planejavam… mas os orgulhos e as ambições impediram essa junção que poria fim à cidade partida. Para alguns, separados renderiam mais dividendos políticos do que juntos. Mas quem perdeu foi as favelas que continuarão reprimidas pelo Poder Executivo cujo dois candidatos a ocupá-lo, insistem em ignorá-la. Será que 11 parlamentares poderão evitar os garrafões de spray de pimenta usados contra os professores? Ou a tortura psicológica das remoções arbitrárias? Ou o assédio moral como desestabilizador do funcionalismo público?
Os representantes do Estado como provedor do Bem-Estar Social continuam minoria na Câmara dos Vereadores e longe da Prefeitura. Suas políticas são pautas-nicho defendidas como se fossem propriedades privadas. Enquanto, a cidade real é ocupada por organizações à margem, sem eleição ou participação popular. A opção do “cada um por si” cumpriu seu destino traçado em outras eleições, entregou o município para a direita. O Jornal Abaixo-Assinado de Jacarepaguá resistirá a essa previsibilidade melancólica.
Posts recentes
Ver tudoO ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso, durante seu discurso de despedida da presidência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), no dia 17 de fevereiro, afirmou que a liberdad