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A HISTÓRIA DO CARNAVAL CARIOCA
Apesar de já ter sido adiado duas vezes, é a primeira em que ocorre o cancelamento total do evento
A prefeitura do Rio de Janeiro anunciou oficialmente o cancelamento do Carnaval de 2021, que estava previsto para julho desse ano. Foi também proibido qualquer desfile de agremiações e blocos carnavalescos entre os dias 12 e 22 de fevereiro. Todas essas medidas visam conter o avanço dos casos de pessoas contaminadas pelo novo coronavírus.
Diferentemente do que muitos pensam, o carnaval não é uma festa genuinamente brasileira. Ela surgiu em Portugal, e era chamada de entrudo pelos habitantes das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde. O entrudo foi influenciado pelos carnavais de Veneza, Paris e Roma, que se caracterizavam por desfiles urbanos, onde os foliões usavam máscaras e fantasias. Personagens como a colombina, o pierrô e o rei momo também são de origem europeia. Quando chegou ao Brasil, no século XVII, essa festividade reunia milhares de pessoas que jogavam umas nas outras ovos e bolas de cera cheias de água perfumada (limões de cheiro).
No fim do século XIX, essa agitação das ruas começou a incomodar a elite carioca, que passou a “organizar” e classificar os diferentes grupos que dela participavam. Surgem desse modo os conceitos de “Grande Carnaval” e “Pequeno Carnaval” com o objetivo de separar a brincadeira de elite (sociedades carnavalescas, bailes mascarados) das diversões populares (blocos, ranchos ou cordões). Dentro dessa visão elitista e higienista, o intendente municipal, major França Leite, propõe, em 1892, transferir o entrudo de fevereiro para o mês de junho, com a justificativa de que o inverno era uma época mais apropriada aos folguedos, pois nesse período as epidemias não se proliferavam como no verão.
O segundo adiamento das festividades carnavalescas ocorreu em 1912, em decorrência da morte do ministro das Relações Exteriores, José Maria da Silva Paranhos Júnior, conhecido como Barão do Rio Branco. Como ele era tido como um herói nacional, o governo decretou o adiamento do Carnaval para 6 de abril, dois meses depois da data oficial.
Nas duas vezes a população carioca não respeitou as determinações das autoridades e saiu para comemorar nos bailes e festejos realizados pelas ruas.
Escrito por Val Costa
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