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  • Foto do escritorVal Costa

A ABOLIÇÃO DA ESCRAVATURA E OS FLUXOS MIGRATÓRIOS DE NEGROS E NEGRAS PARA O RIO DE JANEIRO

Atualizado: 2 de set. de 2021

Em 13 de maio de 1888, a princesa Isabel assinou a Lei Imperial n.º 3.353, popularmente conhecida como Lei Áurea, que extinguiu oficialmente a escravidão no Brasil. É importante lembrar que, antes da sanção feita pela princesa imperial, o projeto de lei prevendo a extinção da escravidão no Brasil foi votado e aprovado na Câmara Geral nos dias 9 e 10 de maio.


Durante muitos anos, os livros didáticos de História retrataram esse acontecimento como um ato de generosidade de uma princesa abolicionista, desconsiderando as lutas e resistências dos diversos grupos étnicos africanos ao longo do período escravocrata. Podemos citar várias iniciativas dos grupos escravizados que desestabilizaram o governo e mostraram a insatisfação dos cativos com o regime vigente: a Revolta dos Malês, na Bahia, em 1835; a fuga liderada por Manuel Congo, em Paty do Alferes, no ano de 1838; a formação do Quilombo dos Palmares, no atual estado de Alagoas, nos séculos XVI e XVII.


Muitos ex-escravos que viviam no estado de São Paulo migraram para a cidade do Rio de Janeiro para fugirem das péssimas condições de trabalho nas lavouras de café paulistas. A atual capital fluminense sempre foi considerada uma espécie de “refúgio” para a população afrodescendente. Cerca de um milhão de indivíduos cativos entraram em nosso país pela cidade do Rio de Janeiro. Segundo o censo de 1849, dos 266,5 mil habitantes do Rio, 110,6 mil eram pessoas escravizadas, ou seja, 41,5% da população total. O cantor e pintor carioca Heitor dos Prazeres chamou a atual Zona Portuária e a área que engloba os bairros da Saúde, Gamboa e Santo Cristo de “Pequena África”, pois o Cais do Valongo, principal atracadouro dos navios negreiros, ficava naquela região.


Apesar de serem vítimas de intolerância e sofrerem com a repressão policial na então capital federal, esses indivíduos construíram espaços de sociabilidade onde poderiam manifestar seus credos e costumes. Redes de solidariedade foram formadas entre familiares, amigos e pessoas dos mesmos grupos étnicos que acolhiam os recém-chegados e procuravam auxiliá-los nas suas necessidades básicas. Esse importante fluxo migratório do início do período republicano foi retratado no livro Paulistas Afrodescendentes no Rio de Janeiro Pós-Abolição (1888-1926), escrito pela historiadora Lúcia Helena Oliveira Silva.

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