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2ª Festa do Jongo da Associação Cultural Quilombo do Camorim  

IHBAJA – Instituto Histórico da Baixada de Jacarepaguá

*Texto de Professor Renato Dória e Mestre Adilson Guerreiro –

No próximo dia 03 de agosto a diretoria da Associação Cultural Quilombo do Camorim (ACUQCA) realizará a 2ª Festa do Jongo. A atividade da ACUQCA faz parte de um calendário organizado por diversas comunidades remanescentes de quilombo, rurais e urbanas, do estado do Rio de Janeiro para celebrar o dia Estadual do Jongo. A festividade é comemorada todo dia 26 de julho, desde o ano de 2011, após algumas comunidades jongueiras do sudeste brasileiro, entre elas a comunidade da Serrinha, conseguirem por meio de pressões e articulações junto à Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ) a promulgação da lei nº 6.098. O Jongo é uma forma de expressão cultural afro-brasileira que integra percussão de tambores, dança coletiva e versos cantados.

Um dos elementos marcantes do Jongo é o ponto, que expressa em ritmo de poesia cantada o cotidiano e o passado de lutas dos grupos afro-brasileiros. Os versos do ponto assumem a forma de sarcasmo ou louvor, fazendo referência às condições de vida, trabalho e à louvação aos antepassados. O profundo respeito aos ancestrais e as belíssimas coreografias ritmadas ao som do batuque do tambor são marcantes e exemplificam a auto-afirmação e valorização da identidade das comunidades negras jongueiras.

Desde dezembro de 2005 o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN) reconhece o Jongo como Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. A prática é específica dos estados do sudeste brasileiro e consiste em uma herança cultural dos povos bantos da África Meridional que foram trazidos escravizados para o Brasil para trabalharem nos engenhos de açúcar e fazendas de café entre os séculos XVI e XIX.

Como forma de comunicação desenvolvida no contexto da escravidão, o Jongo serviu como estratégia de sobrevivência e de circulação de informações codificadas sobre fatos desenrolados entre os escravizados. Era por meio dos pontos que os negros se comunicavam sobre fugas, rebeliões e a existência de quilombos e os capatazes e senhores, mesmo por perto, não conseguiam entender. Portanto, o jongo foi uma forma de linguagem dos escravizados, falando de si e de sua comunidade, de suas vivências e angustias, de resistência e esperança de liberdade e felicidade.

O quilombo do Camorim Maciço da Pedra Branca é uma das comunidades jongueiras da cidade do Rio de Janeiro que mantém viva esta tradição. E no próximo dia 03 de agosto de 2019 a diretoria da ACUQCA organizar a 2ª Festa do Jongo do Quilombo do Camorim, com muita música, dança e a deliciosa feijoada preparada pelo Mestre Guerreiro.

Para quem quiser conhecer a história e a cultura do Quilombo do Camorim, as atividades de visita precisam ser agendadas com antecedência. Basta entrar em contato com o Mestre Guerreiro (Adilson) pelo telefone 98320-2634. Além das visitas ao quilombo e a área do sítio arqueológico, a ACUQCA oferece aulas de horta orgânica aos sábados a partir das 8h e oficinas de jongo aos domingos a partir das 10h.

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